Friday

The End - Throwing Stones (Relapse 2007)

The Chapter – Into The Abyss (EP, 2007)

Hoje em dia já ninguém chama “maquete” ou “demo” aos seus primeiros registos, mas sim EPs ou MCD’s. Sinais dos tempos. Bom, talvez seja eu que ainda tenho esperanças de que o Underground volte a ser como era antes. Deixemos as divagações e passemos ao que interessa. “Into The Abyss” é o registo de estreia para os Portugueses The Chapter. Nesta rodela prateada são apresentados 4 temas em cerca de 25 minutos. A orientação é Death / Doom com certos trejeitos góticos e até progressivos (poucos) e um pouco de Heavy / Thrash de cariz tradicional. É interessante eu ter referido o Underground de outras eras porque é o que estes 4 temas me fazem lembrar. Os riffs, as melodias, ritmos, voz, ambiências, tudo me faz lembrar as bandas Portuguesas de meados da década de 90. Posso referir nomes (apenas nacionais, como podem ver, e alguns já extintos até) como Moonspell, Desire, Morbid Death, Obscenus, Drawned In Tears, Paranormal Waltz ou Thragedium. Há aqui muitas ideias interessantes, algumas bem aproveitadas, outras assim-assim. Há algumas falhas a nível instrumental que tanto podem ser falta de mais tempo de ensaio e rodagem ao vivo como até alguma falta de experiência em estúdio. A produção também não é das melhores e não ajuda muito. É por isso mesmo que isto apresentado como um MCD perde um pouco, e se fosse apelidado de “demo” ser-lhe-ia dado o devido desconto em relação a estas “falhas”. De qualquer modo, gostei do que estão a tentar fazer e de me terem feito relembrar, ainda que por breves momentos, esses velhos tempos. Acredito que um segundo registo irá apresentar a devida evolução e será muito melhor. Aguardo ansiosamente por novos “capítulos”. Uma banda a ter debaixo de olho. 70% www.myspace.com/mtchapter

American Steel – Destroy Their Future (2007) – Fat Wreck Chords

Nunca tinha ouvido esta banda Norteamericana até agora, altura em que me chegou à caixa de correio este fabuloso “Destroy Their Future”. Trata-se do seu 4º trabalho, o primeiro através de Fat Wreck Chords. Após um hiato de 6 anos, a banda regressa com este novo trabalho, o qual é composto por 12 temas que rondam os 35 minutos. Nota-se que o trabalho de composição é cuidado e há aqui muito boas ideias, bem aproveitadas e executadas, cativantes, com refrões e melodias orelhudos. A banda vai buscar influência a bandas e estilos tão díspares como The Clash, Crass, The Pogues, Pop Punk, Hardcore, Irish Folk, Soul, ou até mesmo o som da mítica editora Motown, entre outros, e isso nota-se perfeitamente na sua música, conseguindo criar estes um som variado mas com um certo grau de homogeneidade, o som American Steel. Recomendo. 85% http://www.americansteel.org/ / http://www.fatwreck.com/ / http://www.fatwreck.de/

Transubstans Records

Burning Saviours – Nymphs & Weavers (2007): Este é já o terceiro trabalho para esta banda Sueca mas o primeiro através da Transubstans. Hard Rock dos 70s com orientação Doom e trejeitos Folk, influências directas de nomes como Black Sabbath, Pentagram, Uriah Heep, Jethro Tull, Deep Purple, Luv Machine e Leaf Hound. Ao todo são 9 temas em cerca de 44 minutos de duração. Ao Hard Rock da banda, pesado mas com muita melodia, alia-se um carácter doomy bem acentuado, dando os trejeitos Folk uma outra cor ao resultado final. Gostei muito destes Burning Saviours e desta proposta “Nymphs & Weavers”. Este disco fez-me ir procurar os outros dois anteriores e, se possível, até as maquetes. Para os fãs das bandas já mencionadas. Recomendo vivamente! 95% http://www.burningsaviours.com/ / www.myspace.com/burningsaviours1 / http://www.recordheaven.net/Transsubstans/index.htm / www.myspace.com/transubstans
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Graveyard – Graveyard (2007): Disco de estreia para os Suecos Graveyard. Hard Rock dos 70s com orientação de Rock psicadélico e influências Folk. São 9 temas que não chegam ao 40 minutos de duração. Descendência bastarda de nomes como Cream, Leaf Hound, Blue Cheer, Iron Butterfly, Luv Machine, Comus, ou mais recentemente os Witchcraft, entre outros. Não tão direccionado para os fãs de Hard Rock setentista (que também irão gostar certamente) mas sim para os amantes de Rock psicadélico (60s/70s). Já ouvi melhor em outras bandas contemporâneas com som retro (já nem falo nas da época) mas o que aqui está é acima da média e, além disso, soa-me honesto e verdadeiro. Vale a pena uma audição atenta e, se for o vosso estilo, comprem. 75% www.myspace.com/graveyardsongs / http://www.recordheaven.net/Transsubstans/index.htm / www.myspace.com/transubstans
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Oresund Space Collective – The Black Tomato (2007): Terceiro disco para este projecto multinacional (Dinamarca, Suécia e USA). São mais 77:11 de improvisação Space Rock / Prog / Psychedelic / Krautrock. Nesta nova proposta são apresentados apenas 3 temas mas estão divididos em 9 faixas. Para quem já conhece o projecto, já sabe o que esperar. Para quem não conhece, pode-se alinhar uma série de nomes de referência como Hawkwind, Gong, Ozric Tentacles, Tangerine Dream, The Spacious Mind ou Hidria Spacefolk, entre outros. É mais do mesmo, mas é mais do melhor que se faz hoje em dia no género. Recomendo! Salienta-se ainda a disponibilização do projecto de todas as suas “jam sessions” no seu “website” oficial, podendo os fãs fazer o “download” gratuito de cerca de 35 horas de material. Além disso, todas as suas actuações ao vivo estão também disponíveis no “website” Live Archive (http://www.archive.org/). 80% http://www.oresundspacecollective.com/ / http://www.recordheaven.net/Transsubstans/index.htm / www.myspace.com/transubstans

Tuesday

Satoko Fujii & Natsuki Tamura

Neste fugaz texto irei apresentar seis edições e reedições (remasterizadas em 24 bits) de trabalhos da responsabilidade de Satoko Fujii (piano) e Natsuki Tamura (trompete) em alguns dos seus diversos projectos. São todos trabalhos muito acima da média que irão agradar a amantes de Jazz (tanto na sua vertente tradicional como na sua faceta mais Avantgarde e experimental) e a fãs de música Japonesa no geral. Vêm todos apresentados em caixas de cartão, estilo digipack, com um pequeno livrete de 4 páginas com as informações essenciais. Gosto muito da presentação destes CDs. Quanto à Libra Records, a responsável por estes discos, é uma editora Japonesa de Jazz Avantgarde da responsabilidade da própria Satoko Fujii.
Não sou um connaisseur da matéria, mas gosto de algumas coisas de Jazz, de material Avantgarde e, acima de tudo, música que venha do Japão, um país que me fascina imenso a vários níveis. Aqui vão então críticas simples e directas, baseadas apenas nas impressões e sensações que a música causa, por parte de um leigo na matéria, mas que gosta muito de música. Os aspectos técnicos, esses, deixo-os para os entendidos. A mim interessa-me apenas se é bom ou mau. Se gosto ou não!

Inicio com a referida pianista, Satoko Fujii, e o seu disco a solo “Indication” (Libra, 2004). São gravações de 1996 que são lançadas novamente em 2004. Composições próprias a par de peças de outros compositores, além de um tema tradicional Japonês. Os 50 minutos que compõem o disco podem tornar-se um pouco monótonos para quem, como eu, não está habituado a peças a solo no piano. No entanto, a qualidade é inegável. 70%

Continuo com o Satoko Fujii Trio que inclui, além da pianista, Mark Dresser no baixo e Jim Black na bateria. “Illusion Suite” (Libra, 2004) é o disco. Gravado em 2003 e editado no ano seguinte, este inclui 4 composições de Fujii que perfazem pouco mais de 54 minutos. Este já irá agradar um pouco mais os amantes de Jazz Avantgarde mas está um pouco direccionado para a linha tradicional. 80%

“South Wind” (Libra, 2004) é um disco da Satoko Fujii Orchestra. A pianista alia-se a 16 músicos de diversas proveniências. Entre estes inclui-se Natsuki Tamura, o qual assina 2 das 5 composições que compõem aquele que é um dos meus discos favoritos de todo este pacote. A gravação original data de 1997. Amantes de um Jazz mais selvagem, sem regras e sem barreiras, este é para vocês. 95%

Segue-se o Natsuki Tamura Quartet com “Exit” (Libra, 2004). Ao trompetista aliam-se Fujii (piano), Takayuki Kato (guitarra) e Ryojiro Furusawa (bateria). Cinco composições da responsabilidade de Tamura, gravadas em 2003, são-nos apresentadas nesta rodela. Aqui já nos aproximamos da música de cariz experimental com toques ambientais. Para os fãs de experiências sonoras. 85%

“How Many” (Libra, 2004) põe lado-a-lado Natsuki Tamura e Satoko Fujii. As gravações são de 1996. São 12 composições mútuas e mais uma da responsabilidade de cada um dos compositores / músicos. Mais uma vez o lado selvagem, experimental e sem barreiras do Jazz Avantgarde. 85%


Finalizo com o projecto Junk Box e “Fragment” (Libra, 2006). Tamura e Fujii nos seus respectivos instrumentos aos quais se junta o percussionista John Hollenbeck. As composições são todas de Satoko Fujii. As gravações são de 2005. Dez temas plenos de experimentação é o que este projecto nos oferece. Ao contrário da sua designação, isto não é lixo, mas sim material de alta qualidade. Mais uma vez, para amantes de material mais Avantgarde. 90%

Recomendo vivamente! RDS